Juliana, atualmente trabalha como Gerente de Recursos Humanos em uma multinacional e a conciliação do seu emprego formal com o cuidado do seu filho de 3 anos, de quem é mãe solo, tem levado-a à exaustão – uma vez que Juliana não tem com quem dividir essa segunda responsabilidade. Mesmo assim ela consegue honrar seus compromissos, tanto com o filho quanto no trabalho, com qualidade e bom humor sendo cogitada para uma promoção de cargo, inclusive.
No entanto, Juliana tem enfrentado um impasse: seu filho acaba de ser diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA). Sem encontrar serviços de cuidado especializado para auxiliá-la no horário comercial – que estejam dentro do seu orçamento – Juliana tem cogitado deixar o emprego por um período de tempo. Mesmo que o valor do seu salário garanta alimentação, aluguel, saúde, roupas e outras despesas para ela e a criança, ela não se sente à vontade em confiar seu filho aos cuidados de alguém que não tenha as capacidades técnicas necessárias para lidar com a especificidade de seu filho.
Sem encontrar outra solução, Juliana resolveu conversar com a sua liderança e explicar que talvez precisasse deixar o emprego para cuidar do filho. Explicou que, apesar da importância e necessidade do trabalho, nesse momento os cuidados com a criança são suas prioridades.
Por sorte a solução veio logo em seguida, sua liderança que já estava cogitando uma promoção para Juliana, adiantou a proposta de aumento salarial – o que seria ótimo pois auxiliaria no custeio dos cuidados com seu filho. E prometeu levantar a discussão sobre oferecimento de uma creche em um dos andares do prédio da sede para os filhos dos colaboradores da organização.
A curta história de Juliana teve um final que soluciona e prioriza a inclusão de pais e mães no mercado de trabalho, mostrando uma organização que tem como premissa cultural o equilíbrio entre vida profissional e social, ou seja, se responsabilizando de forma holística por seus colaboradores. No entanto, para muitas pessoas situações como essa não são facilmente solucionadas, levando-as inclusive à desistência de seus empregos ou à busca de rendas extras para custear os gastos com cuidados. Como consequência, essa exaustão física e mental gerada pela soma de todas essas preocupações e novas responsabilidades, compromete a produtividade, engajamento e obviamente, a saúde mental dos colaboradores, impactando nos indicadores de inclusão, segurança psicológica e senso de pertencimento.
Empresas com políticas que incluem colaboradores considerando suas realidades profissionais e sociais, são também chamadas de empresas com políticas family friendly, que são essenciais quando falamos sobre segurança psicológica para pais, mães e cuidadores no ambiente de trabalho. Nesse artigo apresentaremos o atual conceito de família, os benefícios de promover uma cultura family friendly para os negócios, para os colaboradores, para a sociedade e as principais ações afirmativas que organizações podem realizar para promover políticas mais inclusivas e acolhedoras para as famílias.